
A música
gaúcha, entre outras coisas, expressa o sentimento, a história e os fatos do
cotidiano do seu povo. Até mesmo temas como as enchentes. Sobre elas, neste mês
de janeiro, viajando pelo Uruguai, Argentina e fronteira gaúcha, pude ver o
drama que este povo está passando. Perdas de vidas humanas, residências e
lavouras alagadas. A pecuária também é afetada. Nas redes sociais são exibidos
vários vídeos de animais sendo arrastados pela força da água.
Estive visitando
São Gabriel, onde o Sindicato Rural já calcula um prejuízo de R$ 185 milhões no
município e, pode ser ainda maior. Na mesma cidade, artistas da música gaúcha –
entre eles Rogério Melo, Ênio Medeiros, Marcelo Lagarto e André Teixeira –
manifestaram solidariedade. Sexta-feira (18), fizeram show para ajudar as
famílias afetadas pela enchente. Os ingressos foram trocados por donativos.
Também em
Alegrete, Rosário do Sul, Uruguaiana e outros municípios da região a coisa está
feia. O governador gaúcho Eduardo Leite sobrevoou e visitou as áreas sob enchente e medidas
estão sendo tomadas.
Voltando à
questão do tema musical, algumas obras evidenciam uma verdade: o que é bom para uns não é bom para outros. Em “Balseiros do Rio Uruguai”, de Barbosa Lessa, o genial Noel Guarany interpreta a alegria dos balseiros. No entanto, a enchente trazia e traz
tristeza para outros: “Oba, viva veio a enchente/o Uruguai transbordou/vai dar
serviço pra gente/Vou soltar minha balsa no rio/vou rever maravilhas/que ninguém
descobriu”.
Em “Milonga Abaixo de Mau Tempo”, o compositor Mauro Moraes, através da interpretação do saudoso cantor José Claudio Machado, exterioriza a dura lida: “Coisa esquisita a gadaria toda/Penando a dor do mango com o focinho n’água/O campo alagado nos obriga à reza/No ofício de quem leva pra enlutar as mágoas/Olhar triste do gado atravessando o rio/A baba dos cansados afogando a volta”.
Previsão
Em Santa
Catarina também aconteceram prejuízos e estradas foram interditadas. Esperamos que o mau tempo passe e estamos de
olho no horizonte, conscientes que a gente buena da fronteira que observa a
natureza sabe quando o tempito se enfeia. O Adair de Freitas também e
transformou em música esta ciência campeira – o clássico “Previsão”: “O tempo
se armou de fato/Lá pra o lado do Uruguai/Vai chover barbaridade/E sem poncho
ninguém sai”.
Parabéns querido primo pela excelente reportagem. Abraços!!
Gracias Claudio Zorzi. Abraço.
Parabéns Cesar bem colocado teu escrito.